Estratégias de defesa - OUTRAS ABELHAS

Tópico reservado à discussão das estratégias que as outras abelhas utilizam para se defender do ataque das abelhas limão

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Eu já presenciei ataques de abelhas limão à colmeias de Jataí (Tetragonisca angustula) e Tubuna (Scaptotrigona bipunctata) e pude fazer algumas constatações interessantes.

Sempre achei que as Tubunas responderiam bem, pois são extremamente defensivas. Perdi a conta de quantas vezes eu fui atacado por ter entrado na linha de voo delas, mesmo longe da colônia 2-3 metros. Ataques estes sempre intensos e numerosos. Dá-lhe abelha enrolando no cabelo e mordendo orelhas, pálpebras, onde pegar... Pelo menos o cheiro de côco que elas disparam como alarme é bom!

Já as Jataí, miudinhas... parecendo mosquitinhos.. podia chegar na frente do ninho que não atacavam. Aparentemente muito pacíficas e menos defensivas que as Tubunas.

Mas aí chegaram as tropas de abelhas limão, e tudo mudou. Vi uma colônia forte e populosa de Tubunas ser dominada sem oferecer a mínima resistência. Não vi uma Tubuna sequer lutando contra os invasores. De repente, pareciam mansas. Não fosse eu ter intervido (salvado dos ataques e levado a colônia para um local distante), elas poderiam ter morrido ou, no mínimo, tornado-se a dispensa das limão, onde elas poderiam vir quando bem entendessem e levar tudo o que quisessem.

Já os ataques às Jataí foram bem diferentes. Ao contrário das Tubunas, elas foram muito ativas na defesa contra as abelhas limão. De repente eram super defensivas. Bravas guerreiras que partiam para luta corpo a corpo! Nuvem de abelhas Jataí revoando na entrada do ninho e interceptado as limão em pleno vôo. Resistiram bravamente. Eu ajudei, mas estou seguro que se virariam sem mim.

Nas Tubuna, os feromônios produzidos pela abelha limão promove a desorganização social e a passividade. Mas as Jataís parecem ser imunes à estes feromônios e respondem energicamente.

Recentemente Grüter et al. (2012)descobriram que a Tetragonisca angustula apresenta uma subdivisão nas castas de fêmeas. Além da rainha e operárias, elas têm as guardiãs. Estas guardas representam 1- 6% da população da colônia, são maiores, mais pesadas (30%) e com formato corporal diferente das operárias que fazem o forrageamento.

Esta adaptação seria uma resposta evolutiva aos ataques das abelhas limão. Interessante, né?!

Tenho uma dica de um trabalho muito bom sobre isso, trata-se da dissertação de Luana Leite Guimarães Santos (2019) - “Mecanismos e estratégias de defesa em Tetragonisca angustula (Hymenoptera: Apidae)”. CLIQUE AQUI
 
Além de aprender sobre as estratégias de defesa das Jataí, vai ser uma aula sobre metodologia de pesquisa. Baita trabalho!

Olá!
Encontrei um artigo sobre comportamento de defesa das abelhas sem ferrão, ele descreve um ataque de Lestrimelitta rufipes a um ninho de Scaptotrigona sp. em um meliponário na Amazônia central (Amazonas, Brazil). O ninho atacado foi transferido para um meliponário com espécies resistentes (Duckeola ghilianii e Melipona fulva) onde as abelhas
resistentes contra-atacaram e afugentaram as ladras protegendo o ninho de Scaptotrigona sp.. Verificaram que a presença de comportamento defensivo em gêneros não proximamente relacionados sugere que ele tenha evoluído mais de uma vez entre os Meliponini.
Por conta desse  comportamento descrito, o artigo sugere a criação de espécies nativas resistentes em meliponários de regiões onde
elas forem nativas, devido ao potencial que elas tem na proteção coletiva.
Notaram também que as Lestrimelitta rufipes que ainda estavam dentro do ninho, foram persuadidas a sair dele  com um comportamento
de captura que consistia em uma “provocação” por parte das D. ghilianii que levava as L. rufipes a saírem do tubo de entrada, sendo então capturadas e mortas. A “provocação” consistia em um comportamento estereotipado, na forma de dança, durante a qual as abelhas permaneciam com as asas abertas. Após capturar uma ladra, a operária de D. ghilianii a manipulava até que conseguisse uma posição na qual fosse possível mordê-la.
As operárias de D. ghilianii revezavam-se na tentativa e matar as ladras, cada ladra foi atacada em média três vezes, sempre por indivíduos diferentes.
Fonte: Abelhas sem ferrão amazônicas defendem meliponário contra o saques de outras abelhas.CLIQUE AQUI
(André Rodrigo RECH1, Mauricio Adu SCHWADE2a, Mayá Regina Müller SCHWADE2b)